Idade espiritual
Idade espiritual
A idade pode ser definida como o tempo de vida decorrido desde o
nascimento até uma determinada data. A palavra idade também poderá ter outras
conotações, tais como: Idade Média; terceira idade; idade crítica etc.
Para as nossas reflexões, vamos abordar a idade espiritual, cuja
correlação com a idade do corpo físico será tratada segundo a ótica da Doutrina
Espírita.
O primeiro parâmetro para se quantificar a idade de uma pessoa
será o tempo de vida, podendo ser material ou espiritual.
O tempo material é representado por um período contínuo de eventos
ou fatos que se sucedem, dando uma ideia de passado, presente e futuro, podendo
ser uma sucessão de séculos, anos, dias, horas, minutos e segundos, ou um meio
contínuo no qual os acontecimentos parecem suceder-se em momentos
irreversíveis.
Para quantificar o tempo na Terra, usamos como referencial que o
nosso planeta leva um ano para percorrer a sua órbita ao redor do Sol e um dia
para dar uma volta em torno do seu próprio eixo. Pelo calendário gregoriano, o
ano coincide aproximadamente com uma volta da Terra ao redor do Sol, perfazendo
um total de 365 dias.
Em A Gênese, no Capítulo VI, Uranografia geral, “O espaço e
o tempo”, Allan Kardec expressa que o tempo é uma sucessão das coisas ligado à
eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito, ou seja, o
tempo relacionado à eternidade e o espaço ao infinito.
Nesse contexto, o Codificador conduz o raciocínio para a origem do
planeta, quando a Terra ainda não existia. Quanto ao tempo, ninguém poderia
dizer em que época isso ocorreu, porque o pêndulo dos séculos ainda não havia
sido colocado em movimento.
Pode-se dizer que a Ciência estuda o tempo material por meio de
sua metodologia, mas o tempo espiritual está ligado à eternidade, que não tem
começo nem fim, devendo considerar ainda nessa equação a imortalidade do
Espírito, que teve início quando criado por Deus, mas não tem fim.
O tempo para os Espíritos é outro, não como o compreendemos para o
corpo físico. A duração para eles pouco importa diante da eternidade, além
disso não se pode comparar o tempo nos diferentes mundos em face de suas
relatividades.
Ademais, Deus é eterno, não se sujeitando a qualquer tempo, e está
presente em toda a parte do Universo. Diante da eternidade divina, o tempo
terrestre tem consequência material, em que a nossa mente está presa à sucessão
de coisas materiais. Contudo, há o tempo espiritual como instrumento de
evolução rumo à perfeição, ou seja, Deus usa o tempo como instrumento de
evolução na conquista dos bens celestiais que nos premiarão na eternidade.
Outro aspecto relacionado à idade é as fases da vida corporal,
como a infância, a adolescência e a adulta.
Os Espíritos superiores, na questão 189, em O Livro dos
Espíritos, dizem que “para o Espírito, como para o homem, também há
infância. Em sua origem, a vida do Espírito é apenas instintiva. Ele mal tem
consciência de si mesmo e de seus atos. A inteligência só pouco a pouco se
desenvolve.” Isso porque “em toda parte a infância é uma transição
necessária.” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 183.)
No nascedouro, o Universo não se apresentou na plenitude de sua
existência, porquanto nasceu criança e segue o seu destino percorrendo o
infinito por toda a eternidade. A Terra também teve a sua infância, quando da
sua formação no Sistema Solar.
Ao olharmos a Natureza, veremos as infâncias dos reinos vegetal e
animal.
O Espírito também tem a sua infância, iniciando com a sua criação
divina e desenvolvendo-se em jornadas evolutivas na busca da perfeição em
pluralidade de existências. Na infância espiritual, o ser humano somente aplica
a sua inteligência para sobreviver pelo automatismo dos instintos.
Da criação simples e ignorante, o Espírito começa sua jornada
evolutiva na busca da perfeição em pluralidade de existências, porque sem a
reencarnação não se pode atingir o aperfeiçoamento e a evolução espiritual,
pois Deus a impõe com o fim de atingir a perfeição.
A alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea,
acaba de depurar-se sofrendo a prova de nova existência. Depurando-se, a alma
indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária lhe é
a prova da vida corporal.
Pela reencarnação, abrem-se novas oportunidades de aprendizado e
renovação, propiciando impulsos evolutivos significativos, cujos benefícios
indicam a manifestação da justiça e da misericórdia divinas, que não condenam o
Espírito infrator ao sofrimento eterno. O Pai sempre deixa aberta a porta do
arrependimento a seus filhos.
A infância do corpo físico não tem relação direta com a infância
do Espírito, como podemos observar pela questão 197, em O Livro dos
Espíritos: “Poderá ser tão adiantado quanto o de um adulto o Espírito de
uma criança que morreu em tenra idade? A resposta é: “Algumas vezes
o é muito mais, porquanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e
adquirido maior soma de experiência, sobretudo se progrediu.”
Em continuação, Kardec indaga: “Pode então o Espírito de uma
criança ser mais adiantado que o de seu pai?” A resposta é: “Isso é
muito frequente. Não o vedes vós mesmos tão amiudadas vezes na Terra?”
Mais adiante, na questão 379: “É tão desenvolvido, quanto o de
um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança? ‘Pode até ser mais, se
mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se
manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe’.”
Assim, a idade do corpo físico é definida pela vida na Terra,
enquanto encarnado, mas a idade espiritual está relacionada ao estágio
evolutivo do Espírito, estendendo-se por toda a eternidade, diante da
imortalidade do Espírito.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
KARDEC,
Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

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