João Batista: o maior profeta e precursor
João Batista: o maior profeta e precursor
“E, naqueles dias, apareceu João
Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos Céus.” (Mateus, 3:1-2)
“Digo a verdade a vocês: do meio dos nascidos
de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; todavia, o menor no
reino dos Céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora, o
reino dos Céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele. Pois
todos os profetas e a lei profetizaram até João. E se vocês quiserem aceitar,
este é o Elias que havia de vir.” (Mateus, 11:11-14; Lucas, 7:26-28; e
Marcos, 1:2-3)
Esta reflexão trata de João Batista, denominado “O maior Profeta” e
conhecido como primo de Jesus, filho de Zacarias e Isabel, nascido em
circunstâncias extraordinárias, em decorrência da gravidez de sua mãe em idade
avançada.
João Batista foi grande missionário e precursor de Jesus, o maior dos
profetas, aquele que viria antes do Cristo para preparar o caminho,
profetizando sua vinda e missão. Ele foi o último dos profetas
do povo judeu.
À exceção de Jesus, João Batista é o único do Novo Testamento cuja
missão foi prevista por profetas. Em Isaías (40: 3): “Ele é a voz que clama
no deserto: preparai o caminho do Senhor”; Malaquias (3: 23): “Vou
mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor”.
O Evangelho de Mateus confirma a revelação do Profeta Isaías sobre João
Batista: “Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: voz
do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas.” (Mateus, 3: 3)
Pelos textos evangélicos, João Batista é reencarnação de Elias: “E se
vocês quiserem aceitar, este é o Elias que havia de vir” (Mateus, 11: 14); “Mas
os discípulos o interrogaram: por que dizem, pois, os escribas ser necessário
que Elias venha primeiro? Então, Jesus respondeu: de fato, Elias virá e
restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o
reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho
do Homem há de padecer nas mãos deles. Então, os discípulos entenderam que lhes
falara a respeito de João Batista” (Mateus, 17: 10-13); “Mas o anjo lhe
disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e
alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do
Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo,
já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao
Senhor seu Deus. E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos
justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.” (Lucas, 1: 13-17).
O Espiritismo aceita a ideia de ser João Batista a reencarnação do
profeta Elias. Há muitas semelhanças na personalidade de ambos, indicativas de
que se tratava do mesmo Espírito. Contudo, João Batista não se via como Elias
ou qualquer outro profeta.
Os verdadeiros missionários de Deus ignoram‑se a si mesmos e, em sua
maior parte, desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que
possuem, secundados pelo poder oculto que os inspira e dirige à revelia deles.
Pelas palavras do Mestre, percebe-se que o Espírito de João Batista
atingira certo grau de elevação, bem mais alto do que os antigos profetas, e o
Elias de agora era muito mais do que o Elias cerca de 900 anos atrás.
“João Batista desenvolvia-se plenamente, preparando-se para a sua
missão. O menino crescia e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até
ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.” (Lucas, 1: 80). Após
o período no deserto, João Batista inicia a sua pregação.
João Batista preparou o caminho para que Jesus pudesse trazer a Boa
Nova, a chave do reino dos Céus; o Evangelho como roteiro de vida para a
ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos
superiores. De sua aplicação decorre a luz do Espírito.
Encontramos, ainda, em João Batista um dos símbolos imortais do
Cristianismo.
Ele viveu em luta com as imperfeições do seu mundo interior, a fim de
estabelecer em si o santuário de realização com o Cristo. Ele representa
aqueles que estão empenhados na reeducação espiritual, sob o império da lei de
causa e efeito.
João Batista pregava o advento do reino dos Céus com ardor, usando todo
o poder de convencimento que possuía. Ele foi o símbolo da verdade que arranca
as mais fortes raízes do mundo para que o reino de Deus prevaleça nos corações.
Era a verdade na sua tarefa de aperfeiçoamento, que leva aos sacrifícios
extremos.
A pregação de João Batista era contundente e desagradava familiares do
rei Herodes e sacerdotes, porque introduziu modificações nas práticas
religiosas do Judaísmo. Com zelo profético, pregava uma nova mensagem e
propunha um novo rito.
Até João Batista, a busca da paz interior relacionava-se às obrigações
religiosas de culto externo: sacrifícios, holocaustos, oferendas, santificação
do sábado etc. Porém, o significado do reino de Deus é bem diverso, como
esclarece Lucas: “O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem
dirão: ei-lo aqui! Ou: ei-lo ali! Porque eis que o reino de Deus está entre
vós.” (Lucas,17: 20-21) O reino de Deus está dentro de nós.
Além disso, ele estimulava a multidão a arrepender-se, “porque é
chegado o reino dos Céus” (Mateus, 3: 1-3). O arrependimento é a base da
melhoria espiritual, sem o qual não ocorre a regeneração do Espírito. É necessário
reconhecer as faltas cometidas e se preparar para repará-las.
O Espírito Emmanuel, no livro “O Consolador”, na questão 182, na
psicografia de Francisco Cândido Xavier, esclarece: “O remorso é a força que
prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço
regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é
o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta
de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus
valores morais, na jornada para Deus.”
João Batista utilizou o simbolismo do batismo pela água como uma forma
de renascimento ou metáfora da redenção espiritual com o intuito de fazer os
filhos de Israel refletirem a respeito do compromisso assumido de divulgar a
ideia do Deus único e das consequências decorrentes.
Inclusive, ele batizou o Cristo: “Então, veio Jesus da Galileia ter
com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe,
dizendo: eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a
justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e
eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e
vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo.” (Mateus, 3: 13-17)
A personalidade de João Batista chama a atenção nos relatos evangélicos,
sendo muito incisivo em sua pregação, como por exemplo: “Raça de
víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, então,
fruto digno de arrependimento.” (Mateus, 3: 7-8).
Ele adota, também, um estilo de vida diferente do comum: “João usava
uma roupa de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins. Seu
alimento consistia de gafanhotos e mel silvestre.” (Mateus, 3: 4)
Destaca-se que João Batista vestia-se como o antigo profeta Elias: uma
pele de camelo no corpo, em volta dos rins um cinto de couro.
Essas caraterísticas marcantes de João Batista causaram impactos em seus
ouvintes, nem sempre positivos, considerando-se as perseguições ocorridas e a
morte por decapitação a que foi alvo.
Em “Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita, no livro I, Cristianismo e
Espiritismo, Módulo II, Roteiro 3 - João Batista - o precursor, encontramos uma
explicação acerca da decapitação de que João Batista sofreu: “Em
virtude da lei de causa e efeito, sabemos que não há efeito sem causa. Por
conseguinte, para que João Batista sofresse a pena de decapitação é porque
ainda tinha dívidas de encarnações anteriores a pagar. Apesar do alto grau de
espiritualidade que tinha alcançado, João teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se João Batista era Elias, poderemos ver nessa
decapitação o saldo da dívida que tinha contraído quando, como Elias, mandou
decapitar os sacerdotes de Baal. É Justiça Divina que se cumpre, nada deixando
sem pagamento.”
Há de se reconhecer que João Batista, “a voz que clama no deserto”, é o
admirável mensageiro que veio anunciar ao mundo a vinda do Cristo de Deus, e
que ocupa um lugar especial no coração de todos os cristãos sinceros da
história do Cristianismo.
Foi um fiel instrumento da vontade do Pai celestial e cumpriu seu
mandato com dedicação e firmeza, sem nenhuma vacilação.
Por fim, cita-se o texto do Espírito Emmanuel, no livro “Vinha de Luz”,
em “Na propaganda eficaz”, Capítulo 76, na psicografia de Francisco Cândido
Xavier, que ensina:
“É necessário que ele cresça e que eu diminua. João Batista (João, 3:
30)
Há sempre um desejo forte de propaganda construtiva no coração dos
crentes sinceros.
Confortados pelo pão espiritual de Jesus, esforçam-se os discípulos
novos por estendê-lo aos outros. Mas, nem sempre acertam na tarefa. Muitas
vezes, movidos de impulsos fortes, tornam-se exigentes ou precipitados,
reclamando colheitas prematuras.
O Evangelho, porém, está repleto de ensinamentos nesse sentido.
A assertiva de João Batista, nesta passagem, é significativa. Traça um
programa a todos os que pretendam funcionar em serviço de precursores do
Mestre, nos corações humanos.
Não vale impor os princípios da fé.
A exigência, ainda que indireta, apenas revela seus autores. As
polêmicas destacam os polemistas... As discussões intempestivas acentuam a
colaboração pessoal dos discutidores. Puras pregações de palavras fazem belos
oradores, com fraseologia preciosa e deslumbrantes ornatos da forma.
Claro que a orientação, o esclarecimento e o ensino são tarefas
indispensáveis na extensão do Cristianismo, entretanto, é de importância
fundamental para os discípulos que o Espírito de Jesus cresça em suas vidas.
Revelar o Senhor na própria experiência diária é a propaganda mais elevada e
eficiente dos aprendizes fiéis.
Se realmente desejas estender as claridades de tua fé, lembra-te de que
o Mestre precisa crescer em teus atos, palavras e pensamentos, no convívio com
todos os que te cercam o coração. Somente nessa diretriz é possível atender ao
Divino Administrador e servir aos semelhantes, curando-se a hipertrofia
congenial do ‘eu’.”
Bibliografia
BÍBLIA
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(Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. O
Consolador. 29ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
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(Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Vinha de
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Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2021.
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Marta Antunes de Oliveira. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos
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Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). O evangelho redivivo: estudo
interpretativo do Evangelho segundo Mateus. 1ª Edição. Brasília/DF:
Federação Espírita Brasileira, 2020.
SAYÃO, Antônio Luiz.
Elucidações evangélicas: à luz da Doutrina Espírita. 16ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

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