Paciência
Paciência
“E
assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.” (Paulo.
Hebreus, 6: 15)
A paciência é uma das
virtudes que precisa ser adquirida e cultivada para se edificar a união com
Deus e alcançar os benefícios decorrentes da sua prática.
O Espírito Emmanuel, em
“Provas de fogo”, no Capítulo 18, do livro “Pão nosso”, na psicografia de
Francisco Cândido Xavier, escreveu: “O
caráter, o amor, a fé, a paciência, a esperança representam conquistas para a
vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxílio santo do Mestre, mas todos
os discípulos devem contar com as experiências necessárias que, no instante
oportuno, lhe provarão as qualidades espirituais.”
Nesse sentido, importante
destacar que as virtudes não são concessões divinas, um dom ou uma graça
fornecida por Deus a alguns Espíritos. As aquisições de virtudes são conquistas
individuais, alcançadas por meio de provações e aprendizados construtivos em
sucessivas experiências vividas.
Por conseguinte, não é
algo que se consegue de um dia para o outro, porquanto essa aquisição exige
esforço próprio, persistência, coragem e firmeza de propósitos. Daí a
necessidade de se desenvolver a paciência. Isso porque a evolução intelectual,
moral e espiritual é um processo contínuo de aprendizados que o Espírito ainda
necessita de burilamento.
A aquisição de um valor
moral leva à conquista de outro, e assim por diante, até que o indivíduo se
transforme em uma pessoa de bem. A repetição dos bons atos tem o poder de
agregar e acumular valores morais.
A palavra paciência poderá
ter diferentes sentidos, tais como: virtude para suportar males, dissabores ou
incômodos, resignadamente, sem revolta ou queixa; atitude de não perder a calma
diante de situação adversa ou aguentar com tranquilidade uma eventualidade,
tristeza ou ação maldosa; faculdade de não desistir facilmente de algo, com
tranquilidade, perseverança e constância, acreditando que conseguirá o seu
objetivo; tolerância a erros ou fatos indesejados; capacidade de esperar o
momento certo para certas atitudes, aguardando com compreensão o que ainda não
tenha obtido; capacidade de ouvir alguém, com calma, atenção e sem pressa;
dentre outros.
Para as nossas reflexões,
abordaremos a paciência no contexto das aquisições de virtudes como atributo de
se aguardar, esperar, suportar, perseverar e manter, com paz, calma,
resignação, brandura, moderação, mansuetude e afabilidade, para a aquisição de bens
maiores, edificantes e renovadores, diante das situações de provações e
expiações, que oferecem ao homem a oportunidade de exercitar a sua
inteligência, de demonstrar a sua paciência e resignação ante a vontade de
Deus, permitindo-lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, desinteresse e
amor ao próximo.
Por outro lado, a
paciência com resignação não significa ociosidade, submissão ou estagnação, mas
sim a ação de continuar trabalhando mediante o esforço edificante para vencer
os obstáculos e as dificuldades passageiras que se apresentam nas circunstâncias
da vida. Assim, não confundir submissão às provas da vida com resignação. A
primeira produz alienação, quando não conduz ao desespero. A segunda é sempre
ativa por se encontrar alicerçada na fé e na esperança da providência divina.
Aquele que compreende a
superioridade da calma sobre a irritação, a ascendência da tolerância sobre a
intolerância, o valor da modéstia sobre a insolência, a coragem da paciência
sobre a irritação, a elevação do comportamento ponderado sobre a atuação agressiva,
serenamente, restabelece a normalidade de uma situação para prosseguir
caminhando para o rumo do bem.
O Espírito Joanna de
Ângelis, no livro “Vida feliz”, no Capítulo IV, na psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ensina: “A
paciência é a virtude que te auxiliará na conquista dos bens do corpo, da alma
e da sociedade. Ela ensina a técnica de como se deve aguardar, quando não se
pode ter imediatamente o que se deseja. Jamais te irrites. A paciência te
auxiliará a tudo vencer.”
Ainda Joanna de Ângelis,
no livro “Vida: desafios e soluções”, em “Disciplina da vontade”, na
psicografia de Divaldo Pereira Franco, esclarece:
“A paciência ensina que
todo trabalho começa, mas não se pode aguardar imediato término, porque
conquistada uma etapa, outra surge desafiadora, já que o ser não cessa de
crescer. Somente através de um programa cuidadoso e continuado logra-se
alcançar o objetivo que se busca.
Tranquilamente se processa
o trabalho de cada momento, abrindo-se novos horizontes que serão desbravados
posteriormente, abandonando-se a pressa e não se permitindo afligir porque não
se haja conseguido concluí-lo.
A paciência é recurso que
se treina com insistência para dar continuidade a qualquer empreendimento,
esperando-se que outros fatores, que independem da pessoa, contribuam para os
resultados que se espera alcançar.
Esse mecanismo é todo um
resultado de esforço bem direcionado, consistindo no ritmo do trabalho que não
deve ser interrompido.
Lentamente são criados no
inconsciente condicionamentos em favor da faculdade de esperar, aquietando as
ansiedades perturbadoras e criando um clima de equilíbrio emocional no ser.
Como qualquer outra
conquista, a paciência exige treinamento, constância e fé na capacidade de
realizar o trabalho, como requisitos indispensáveis para ser alcançada. Evita
exorbitar nas exigências do crescimento íntimo, no começo, elaborando um
programa que deve ser aplicado sem saltos, passo a passo, o que contribui para
os resultados excelentes, que abrirão oportunidade a outras possibilidades de
desenvolvimento pessoal. (...)”
A fé sincera e verdadeira
é sempre calma, facultando a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu
ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de
chegar ao objetivo visado.
O Espírito Emmanuel, em
“Esperar e alcançar”, no Capítulo 103, do livro “Fonte viva”, na psicografia de
Francisco Cândido Xavier, disse:
“E assim, esperando com
paciência, alcançou a promessa.” – Paulo. (Hebreus, 6:15.)
A esperança de atingir a
paz divina, com felicidade inalterável, vibra em todas as criaturas. (...)
Contudo, esperar significa
persistir sem cansaço, e alcançar significa triunfar definitivamente.
Entre o objetivo e a meta,
faz-se imperativo o esforço constante e inadiável.
Esperança não é inação.
E paciência traduz
obstinação pacífica na obra que nos propomos realizar.
Se pretendes materializar
os teus propósitos com o Cristo, guarda a fórmula da paciência como a única
porta aberta para a vitória.
Há sofrimento em teus
sonhos torturados? Incompreensão de muitos em derredor de teus desejos? A
ingratidão e a dor te visitam o Espírito?
Não chores perdendo os
minutos, nem maldigas a dificuldade.
Aguarda as surpresas do
tempo, agindo sem precipitação.
Se cada noite é nova
sombra, cada dia é nova luz.
Lembra-te de que nem todas
as águas se acham no mesmo nível e nem todas as árvores são iguais no tamanho,
no crescimento ou na espécie.
Recorda as palavras do
apóstolo dos gentios. Esperando com paciência, alcançaremos a promessa.
Não te esqueças de que o
êxito seguro não é de quem o assalta, mas sim daquele que sabe agir, perseverar
e esperar por ele.”
Emmanuel, no livro “Rumo
certo”, no Capítulo 41, em “Paciência e vida”, na psicografia de Francisco
Cândido Xavier, ensina:
“Estudo necessário da
paciência: observar cada um de nós face a própria conduta nas relações humanas
e no reduto doméstico.
Sabemos compreender
habitualmente os assaltos morais de inimigos gratuitos, obrigando-nos a
refletir quanto à melhor forma de auxiliá-los para que se renovem
construtivamente em seus pontos de vista, e, em muitos casos, esbravejamos
contra o desagrado de uma criança que a doença incomoda.
Aprendemos a suportar com
serenidade e entendimento, prejuízos enormes da parte de amigos, nos quais
depositávamos confiança e carinho, buscando encontrar modo seguro de ajudá-los
para o resgate preciso e, muitas vezes, condenamos asperamente pequenas despesas
naturais de entes queridos, credores insofismáveis de nosso reconhecimento e
ternura.
A tolerância para com
superiores e subalternos, colegas e associados, familiares e amigos íntimos é
realmente o recurso da vida em que se nos erige o metro do burilamento moral.
Isso porque, conquanto a beneficência se mostre sempre sublime e respeitável,
em todas as suas manifestações e atributos, é sempre muito mais fácil colaborar
em campanhas públicas em auxílio da Humanidade ou prestigiar pessoas com as
quais não estejamos ligados por vínculos de compromisso e obrigação que tolerar
com calma e compreensão, os contratempos mínimos e as diminutas humilhações no
ambiente individual.
Paciência por isso mesmo,
em sua luminosa autenticidade há de ser aprendida, sentida, sofrida, exercitada
e consolidada junto daqueles que nos povoam as áreas do dia a dia, se quisermos
esculpi-la por realização imorredoura no mundo da própria alma.
Proclamemos e ensinemos
quanto nos seja possível os méritos da paciência, no entanto, examinemos as
próprias reações da experiência íntima à frente de quantos nos compartilham a
luta cotidiana, na condição de sócios da parentela e do trabalho, do ideal e
das tarefas de cada dia e, perguntemos com sinceridade a nós próprios se
estamos usando de paciência para com eles e para com todos os outros
companheiros da Humanidade, assim como estamos incessantemente tolerados e
amparados pela paciência de Deus.”
Por tudo isso, adquira e
exercite a paciência como a virtude que lhe impulsionará o progresso moral e
espiritual, independentemente das situações conflitantes da vida, das possíveis
razões ou dos motivos visualizados.
“A esperança é medicamento
no coração. Fuja da impaciência. Toda irritação é desastre magnético de
consequências imprevisíveis. Guarde confiança. (...) A censura é choque nos
agentes da afinidade. Conserve brandura. A palavra agressiva prende o trabalho na
estaca zero. Não se escandalize.” (Espírito André Luiz. O Espírito da Verdade. Cura espiritual.
Cap. 53)
“... se a luta vos concita
a servir para o Reino de Deus, com a aflição presidindo os vossos novos passos,
tende na paciência a companheira firme, a fim de que a humildade, por excelsa
coroa, vos guarde o coração na beleza e na alvura da caridade em Cristo, que
vos fará vestir a túnica da paz no banquete da luz.” (Espírito Emmanuel.
Religião dos espíritos. Versão prática).
Bibliografia:
BIBLIA
SAGRADA.
ÂNGELIS, Joanna de (Espírito); na psicografia de
Divaldo Pereira Franco. Vida: desafios e soluções. 14ª Edição. Salvador/BA: Editora LEAL, 2020.
ÂNGELIS, Joanna de (Espírito); na psicografia de
Divaldo Pereira Franco. Vida feliz. 18ª Edição. Salvador/BA: LEAL, 2020.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rumo certo. 12ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.
LUIZ, André (Espírito); psicografado por
Francisco Cândido Xavier. O Espírito da Verdade. 18ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2012.

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