Por que ainda não conseguimos praticar o amor ensinado por Jesus?
Muitos
religiosos cristãos frequentam celebrações, conhecem textos evangélicos, compreendem
suas interpretações e rezam com fé.
No entanto, alguns
encontram dificuldades em praticar o amor ensinado e exemplificado por Jesus.
Outros chegam
até a agir com comportamentos contrários aos princípios cristãos, trilhando caminhos
opostos à lei maior do amor.
Há aqueles,
também, que somente valorizam aspectos e ritos exteriores, como ocorria com as
hipocrisias de escribas, fariseus e lideranças religiosas na época do Cristo.
Diante das hipocrisias,
Jesus disse: “Ninguém pode servir a
dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” (Mateus, 6: 24)
Não podemos conciliar dois comportamentos contraditórios: servir a Deus e
ao jugo dos sentimentos inferiores com apego aos bens materiais da Terra.
Praticar essas ações opostas seria como se existissem duas pessoas dentro
de você, exteriorizando personalidades que refletem a luta do bem contra o mal
no próprio íntimo.
São pessoas que servem a dois senhores, em que um dos lados falará mais
alto, motivando condutas ambíguas, controversas e incoerentes.
Na vida, o ser humano depara-se com inúmeras experiências,
fatos e eventualidades que testam, como provas, sentimentos, emoções, respostas,
escolhas e decisões, cujos efeitos e consequências são das mais variadas.
Em alguns momentos, conseguimos identificar emoções, fatos e
circunstâncias que encaminham para o bem e podem ser aproveitadas como lições
valiosas. Identificando o bem, emerge a necessidade de melhorar para evitar as
fontes de amarguras.
No sentido oposto, o outro lado interior valoriza bens materiais, paixões
e ilusões que fascinam, arrastando o ser para sentimentos inferiores
escravizantes com desarmonias morais e espirituais, que provocam quedas.
Como remédio a esses conflitos da alma, Jesus disse:
“E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertarás”
(João, 8: 32). Assim, a verdade divina liberta a alma para a prática do
verdadeiro amor.
No entanto, há equívoco de interpretação
da palavra “verdade”, em que a pessoa julga ser a dela e não a de Deus, que é
eterna, imutável e infinita.
Outro equívoco está em “libertarás”, cujo
sentido não pode ser literal e isolado dos demais ensinamentos do Cristo. A
libertação do Mestre Jesus é direcionada para a aquisição de atributos e valores
morais e espirituais: tesouros celestiais que se alojam no coração.
A verdade divina resume-se na lei maior
do amor, no amor fraterno universal ensinado e exemplificado pelo Mestre, que
não deixa dúvida de interpretação na ação a ser realizada por nós: amar a Deus,
a si mesmo e ao próximo em toda a sua plenitude.
O Espírito Emmanuel, em “Amor e
verdade”, sintetiza: “A Verdade é Luz.
Entretanto, o Amor é a própria Vida.”
Emmanuel coloca luz da verdade e prática
do amor como essenciais para empreender caminhadas sublimes, resumindo nossas
tarefas na busca da perfeição, tendo Jesus como modelo, guia e roteiro de vida.
Verdades divinas iluminam a alma e
purificam o coração, conduzindo para o caminho do bem, mas é a prática do
verdadeiro amor que impulsionará o Espírito para a felicidade da vida eterna.
Então, por que ainda não conseguimos praticar
o amor ensinado por Jesus?
Uma das razões poderia ser: mais fácil praticar
ensinamentos da Ciência do que praticar ensinamentos morais, porque este último
exige o esforço de enfrentar você mesmo para mudar o comportamento.
É a dificuldade de conduzir a luta íntima contra
as próprias imperfeições, mediante ações de autodescobrimento,
autoconhecimento, força de vontade, conscientização de si mesmo, coragem, uso
correto do livre-arbítrio, disciplina, perseverança, vigilância, paciência,
equilíbrio e assumir responsabilidades.
Consciência moral decorre da estruturação do
mundo moral no íntimo de cada ser.
Caracteriza alguém que considera o sentido da
vida dentro de um contexto maior e transcendente. Não se resume às necessidades
imediatas de sobrevivência.
A prática do ensinamento moral, livre e
consciente, evidencia a internalização do aprendizado com compromisso e
responsabilidade.
Para vencer o obstáculo de não praticar
o verdadeiro amor, é preciso despertar da hibernação dos valores admiráveis da
sua imortalidade para uma reforma íntima, tornando-se mais conscientes de si
mesmo e dos recursos latentes à disposição para libertar-se dos sentimentos
inferiores contrários às leis de Deus, em razão da própria evolução.
Dominados
pelo materialismo reinante, damos abrigo ao egoísmo, ao orgulho, à soberba, à
vaidade, ao ódio e ao ressentimento, dentre outros sentimentos inferiores, que
mostram a pequenez espiritual em que vivemos, ludibriando-nos na posse de bens
materiais e no prazer da riqueza e do poder, tendo como roteiro de vida o “eu”.
Não adianta conhecer a verdade divina se não a praticar com caridade.
“... a fé, se não se traduzir em obras, é morta
em si mesma” (Tiago, 2:17).
A libertação pela verdade é longo processo pelo
trabalho incessante na prática do puro amor, sem esperar retribuição,
reconhecimento ou gratidão.
É o amor pelo amor, que perdoa sem impor
condições, tem piedade e misericórdia, não é egoísta e tampouco orgulhoso.
É preciso retirar os
obstáculos que impedem a marcha do amor, afastando os sentimentos inferiores
remanescentes no inconsciente profundo.
Conscientizar-se do
que é, o que necessita fazer e como conseguir o êxito.
Praticar o amor
ensinado por Jesus é decorrente de intenso esforço, trabalho, amadurecimento e
despertamento da própria consciência, apoiando-se nas experiências vividas que
formam a personalidade, criando hábitos, comportamentos e aspirações pelo que
se deseja conseguir, enfrentando os desafios até que se estabeleçam as
condições para uma nova realidade: a prática do amor com caridade.
O Espírito
Emmanuel, no livro Pão Nosso, no Capítulo 16, em “A quem obedeces?”, ensina: “Toda
criatura obedece a alguém ou a alguma coisa. (...) O discípulo necessita
examinar atentamente o campo em que desenvolve a própria tarefa. A quem
obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, às vaidades humanas ou às opiniões
alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino? É justo refletir
sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos
ensinamentos vivos de Jesus, é que podemos quebrar a escravidão do mundo em
favor da libertação eterna.”
Aquele que
abre a porta para Jesus e segue suas pegadas caminha para conquistar o reino de
Deus dentro de si mesmo.
A edificação
do reino divino será decorrente do uso correto do livre arbítrio nas escolhas
pelo caminho da verdade, do constante aprimoramento, do indispensável esforço e
pela prática dos ensinamentos do Cristo que produz bons frutos.
As vozes do
mundo espiritual conclamam os trabalhadores do bem à perseverança, à vigilância
e à oração para neutralizar as incursões do mal.
É preciso não
ser envolvido e enganado pelos falsos profetas e hipócritas, porque, submetido
ao peso das provações, estaremos mais expostos e fragilizados.
Procure
vencer a luta dentro de si mesmo, para que prevaleça o caminho do bem em sua
vida.
A vinda de
Jesus estabeleceu nova ordem de evolução para a Humanidade, alicerçada na lei maior
do amor, que desperta, ilumina e liberta a todos que a vivenciam em sua plenitude.
O legado do
Cristo é mensagem de amor consubstanciada no seu Evangelho. Desta forma,
torna-se necessário seguir suas orientações como roteiro de vida na busca da
felicidade prometida.
A marcha
evolutiva revela que, por força dos aprendizados moral e espiritual, quanto
mais iluminados pelas verdades divinas, praticando-as, mais desfrutaremos do
progresso.
Assim, o
discípulo de Jesus deve vivenciar plenamente o seu Evangelho, ainda que sob o
peso da dor, dos sofrimentos e dos sacrifícios impostos pelas provas e
expiações que assolam o Espírito, pois tudo isso é lição e aprendizado no
caminho da verdade e da vida eterna em direção ao Pai.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2018.
EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco
Cândido Xavier. Verdade e amor. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2015.
SAYÃO,
Antônio Luiz. Elucidações evangélicas à luz da Doutrina Espírita. 16ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
Publicado na Revista O Consolador:
Link: Por que ainda não conseguimos praticar o amor ensinado por Jesus? (16/03/25)

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