Saber escutar e enxergar
Saber escutar e enxergar
“Saber escutar e enxergar” veio à reflexão depois de assistir a uma
palestra sobre o Evangelho de Jesus, acompanhado de um amigo, ao perceber que
algumas pessoas ali presentes, ouvindo o palestrante, tinham seus pensamentos
em lugares diversos e os ensinamentos transmitidos não eram assimilados.
Pelo tema da palestra, achava que ela estava direcionada para o meu
amigo, que se encontrava em profunda depressão e precisava de ajuda urgente,
mas, apesar da habilidade e da destacada eloquência do palestrante, o amigo não
se sensibilizou.
Barreiras levantam-se bloqueando a Palavra, com destaque para os
sentimentos de orgulho e egoísmo, que cegam para as coisas de Deus, e para a
surdez seletiva com aqueles que nos falam, que, dentro do livre-arbítrio, as
pessoas somente se voltam para aquilo que julgam ser mais importante, do seu
interesse e prioritário.
Muitos escutam a Palavra, entretanto, poucos são os que colocam a lição
nos ouvidos. A maioria prefere proferir petições, imaginando que as bênçãos
divinas virão sem trabalho, esforço, sacrifício e merecimento.
Jesus disse: “por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo,
não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia
de Isaías, que diz: ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo,
vereis, mas não percebereis”. (Mateus 13: 13-14)
Do ensino por parábolas, Jesus destaca dois sentidos para compreender e
perceber: audição e visão.
Saber escutar e ver é de suma importância para compreender, perceber e
evoluir intelectual, moral e espiritualmente, principalmente estar em condições
de assimilar os ensinamentos, mediante o autoprogresso.
Ouvir e ver conduzem para o interior, estimulando cérebro e coração;
falar é direcionado para o exterior; ouvir e ver relacionam-se com aprender,
entender, compreender, refletir, assimilar, dentre outros; o falar comunica,
externa, ensina, divulga etc.; e os sentidos dos seres humanos são meios de
evolução material e espiritual.
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, Jesus assim se
expressava quando de seus ensinos, indicando às pessoas que era necessário
entender suas palavras, mas que esse entendimento demandaria do ouvinte uma
atenção especial, pois não eram apenas palavras retóricas, mas ensinamentos
para a vida.
É o alerta que nos informa ser preciso não apenas escutar as orientações
propriamente ditas, mas aprender a identificar as oportunidades de crescimento
que nos alcançam a existência, em geral manifestadas sob a forma de provas.
“Quem tem ouvidos para ouvir” não perde tempo com lamentações,
gemidos ou clamores. Conhece as dificuldades que envolvem os que produzem bons
frutos, mas não se detém: trabalha incessantemente, guiando-se pelas elevadas
intuições que lhe inspiram os benfeitores espirituais, sem medos, pressas ou
retardamentos. Palmilha o caminho da efetiva libertação, transformando-a em
reservas de bom ânimo e encorajamento em bálsamos que aliviam as dores do
próximo.
Sempre surge o momento ou a circunstância favorável à renovação
individual. Tais ocorrências se manifestam nos acontecimentos corriqueiros, no
dia a dia da existência, e representam bênçãos oferecidas pela Bondade
superior, mas que dependem da capacidade de a pessoa “ver” e “ouvir” para saber
aproveitá-las com êxito.
Autor: JUAN CARLOS OROZCO
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de
Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Da 3ª Edição francesa.
1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

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